Observatório Municipal de Campinas

Vista posterior do Observatório Municipal de Campinas, que leva o nome de seu fundador, o astrônomo Jean Nicolini, falecido em acidente automobilístico em 1991.

Não importa a época registrada pela história, os povos de cultura sofisticada sobre a Terra - não obstante os dominantes - sempre possuem algo em comum: os avançados conhecimentos sobre astronomia. Foi assim com os babilônios na Mesopotâmia, com os egípcios durante a construção das pirâmides, com os gregos na filosofia, com os romanos nomeando os planetas, e mais recentemente com os navegadores espanhóis e portugueses durante a descoberta do Novo Mundo, as Américas. No século XX, americanos e soviéticos disputaram a Guerra Fria sob o estigma da conquista do espaço sideral.

O saber sobre as leis do Universo e da magnitude do Cosmos, nos diz muito sobre nós mesmos - não em termos astrológicos, pseudo-ciência que ao longo dos anos foi se misturando com o misticismo e com as superstições - mas em termos da nossa origem e de nossa relação com o todo. Afinal de contas, a matéria prima de nossos organismos é a mesma que verificamos na composição das estrelas e dos planetas, com seus satélites polvilhados por chuvas de meteoritos.

O telescópio de 0.4 metros com montagem equatorial alemã, abrigado numa cúpula motorizada revestida de cobre, com 8 metros de diâmetro, estruturada em madeira.

Infelizmente não se ensina astronomia nas escolas. Ao menos não se trata de uma disciplina exclusiva no currículo das instituições de ensino primário e secundário. Poucas são as cidades que contam com observatórios, e muitas vezes este tipo de programa perde em atração para atividades recreativas, principalmente a televisão. O fato é que aos domingos esta alternativa existe para quem mora na região de Campinas, cujo Observatório Municipal abre entre cinco horas da tarde e nove da noite.

Para chegar lá deve-se pegar o viaduto da Rodovia Dom Pedro para o charmoso Distrito de Souzas, que dá acesso também ao Distrito de Joaquim Egídio - este, por sua vez, repleto construções preservadas do período final do ciclo do café. Findo o arruamento de paralelepípidos, temos pela frente a Estrada das Cabras; pontuada por quintas, chácaras e sítios, além de restaurantes de culinárias variadas. Este percurso, por si só, já vale a pena, devido ao reconhecido valor paisagístico do caminho.

Um relógio de sol, equatorial, compõe o sítio localizado no Pico das Cabras, também conhecido como Monte Urânia, com 1050 metros de altitude.

A pista simples vai serpenteando entre pastos e casarões antigos. As curvas em seqüência pedem reduções para a terceira marcha - um deleite para o motorista que sabe fazer uso do freio a motor. Restando cinco quilômetros para o destino, o asfalto é interrompido. O chão de terra batida, alguns buracos e pedras salientes, é mantido deste modo para proteger o entorno de ladeiras íngremes do Observatório, pois é sabido que o avanço da urbanização é prejudicial para esta atividade, devido às luzes das edificações e principalmente da iluminação pública.

O isolamento do local também provoca, no indivíduo, o distanciamento necessário das questões do cotidiano, para favorecer a percepção de um modo diferente de entender este mundo. Após o belo por do sol visto pelo mirante do telescópio externo, astrônomos e voluntários conduzem palestras de iniciação ao tema. Posteriormente os visitantes têm a oportunidade experimentar pessoalmente uma luneta de alta capacidade. Além disso, o conjunto conta com salas temáticas, com exposições de quadros explicativos, amostras de diversas pedras e modelos em escala reduzida.

Numa das salas do conjunto, se encontram maquetes de estações espaciais e diversas naves, desde as caravelas até os foguetes de múltiplos estágios.

Dizem que o dia do descanso semanal é reservado para as questões do espírito. Independente das crenças de cada um, certamente uma visita ao Observatório de Campinas é uma oportunidade para abrir as fronteiras do pensamento, dissipar crendices e boatos, como os que se referem ao fim dos tempos no ano de 2012. Segundo o astrônomo Walter José Maluf, neste ano o sol entra num período de intensa atividade, que interfere até em transmissões de rádio, alimentando uma gama de mensagens sensacionalistas.

Em tempo: aquele e-mail que circula por aí - afirmando que o mês de agosto é o melhor período para observar Marte, sempre à meia-noite, quando o planeta poderia ser visto à olho nú, competindo com a Lua - simplesmente não tem base científica. O melhor período para observação deste astro é após as três horas da madrugada, até uma hora e meia depois. E se Marte ficasse do tamanho da Lua em nosso campo de vista, aí sim, teríamos uma catástrofe sem precedentes...

Mais informações sobre astronomia podem ser obtidas no site do Observatório. Agende uma visita e leve as crianças com você.

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