Socorro - 2009

Tempo para falar, tempo para ouvir.

A angústia é recorrente: cada vez mais as pessoas vivem em função de compromissos que as impedem de sentir o sabor da vida. Elas trabalham em três turnos diários e vêem seus filhos crescerem mediante fotos estampadas nas telas de seus telefones celulares. Nos poucos dias de folga a cama parece ser mais convidativa do que a caminhada lá fora. Alguns, encurralados pelo estresse, gritam por socorro.

Socorro - a cidade paulista - pode ser a solução. Encravada na Serra da Mantiqueira e fora da rota para grandes cidades, o tempo parece fluir mais lentamente nesta aprazível localidade. Sua praça central não foge ao seu princípio: é onde o povo se encontra para conversar. Conferências se formam sob as copas frondosas das árvores, livres dos ruídos de automóveis. Não existem ruas laterais e as próprias construções - entre elas a Igreja Matriz - emolduram este grande respiro no tecido urbano.

Em Socorro, usar chapéu não é uma moda que voltou: é um hábito que não foi interrompido. Lá você pode encostar sua bicicleta no poste e sentar num banco de madeira, sem se preocupar com sobras de chiclete deixadas nas frestas. As novidades do dia estão ao pé do ouvido, sem conta no Twitter, sem atualização de status no Facebook. Paga-se a conta bancária e, antes de voltar para casa, há tempo para comentar sobre o futebol. O sol a pino é o sinal. De repente um se levanta e todos vão embora, para almoçar. No dia seguinte, tem mais. E quem precisa de mais?

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