Pacote completo: renda maior e valorização profissional

Conclusão do capítulo 3 ("Arquiteto por conta própria") do livro "Arquiteto 1.0 - Um manual para o profissional recém formado".

Conclusão do capítulo 3 ("Arquiteto por conta própria") do livro "Arquiteto 1.0 - Um manual para o profissional recém formado".

Por Jean Tosetto *

A prestação de serviço do arquiteto, mesmo quando recém-formado, não deve se resumir ao projeto arquitetônico. Muitas vezes o cliente é leigo no assunto e sequer desconfia de que precisa também de um bom projeto estrutural, além do projeto das instalações hidráulicas e elétricas. Cronogramas físicos e financeiros, planilhas quantitativas e qualitativas de materiais e mão de obra são bem vindas. Como opcionais temos o projeto de paisagismo, as maquetes eletrônicas, a decoração de interiores.

Quanto maior for a gama de serviços que um arquiteto oferecer para seu cliente, maior será sua renda por projeto e melhor será a qualidade de sua prestação de serviço, evitando reclamações futuras advindas da falta de projetos complementares nas obras.

Será que existe profissional que saiba fazer tudo isso com um padrão mínimo de competência? Se existe eu não conheço. O que o mercado tem para oferecer são especialistas em cada função e muitos deles são ótimos parceiros de trabalho do jovem arquiteto.

Ao elaborar sua proposta formal de prestação de serviços, o arquiteto deve mencionar todos os tipos de projetos que ele irá fornecer. Alguns serão feitos por ele mesmo e outros serão repassados para terceiros, mas caberá a ele fazer a coordenação de todos os projetos, e receber justamente para tanto.

Estes parceiros atuam no que eu chamo de modo “Stand By” ou modo de espera. Eles estão lá, em seus escritórios, esperando ser acionados para trabalhar para o arquiteto, ou para o cliente do arquiteto. Se não há projeto para desenvolver, eles não estão recebendo um salário fixo.

Cabe ao arquiteto formar desde cedo o seu círculo de profissionais colaboradores. Onde é possível encontra-los? Nas associações municipais ou regionais de arquitetos e engenheiros, por exemplo. Ainda de acordo como censo do CAU, 70 % dos arquitetos não são filiados a qualquer entidade de classe e menos de 10% são afiliados em entidades locais. Um isolamento que atua contra a valorização profissional.

Quando o arquiteto fornece apenas o projeto arquitetônico, ele dá margem para o cliente insatisfeito procurar os projetos complementares na concorrência. Se houver um segundo projeto, a chance da concorrência ficar com todo o bolo aumenta. Daí que o arquiteto de comportamento isolado vai reclamar de duas coisas: da má remuneração e da pouca valorização profissional.

O que este não enxerga, é que ele mesmo atua contra a valorização profissional ao não envolver colegas de ofício em seus projetos e que, pelo fato dele fazer somente o básico, sua renda sempre será restrita.

Vejamos o que o censo do CAU nos diz: 42% dos arquitetos trabalham apenas com o projeto básico de aprovação e projeto arquitetônico executivo. Somente 11% dos que responderam ao censo atuam na coordenação de projetos complementares e menos de 3% são autores dos mesmos. Isso num universo de arquitetos onde 21% simplesmente não desenvolvem projetos, e apenas 17% vão além dos projetos, fiscalizando, dirigindo ou executando obras. Ao passo que, quando perguntados sobre os principais obstáculos que dificultam o exercício da profissão, 32% dos arquitetos mencionaram a má remuneração e 50% reclamaram da pouca valorização deles pela sociedade.

Não é difícil concluir que a minoria dos arquitetos, aqueles que se preocupam com os projetos complementares, são os que promovem a valorização profissional e consequentemente possuem maior renda. Seja um deles.

Sobre o autor

* Jean Tosetto é arquiteto e urbanista formado pela PUC de Campinas. Desde 1999 realiza projetos residenciais, comerciais, industriais e institucionais. Em 2006 foi professor da efêmera Faculdade de Administração Pública de Paulínia. Publicou o livro “MP Lafer: a recriação de um ícone” em 2012. É autor do livro "Arquiteto 1.0 - um manual para o profissional recém-formado", lançado pela OitoNoveTrês Editora em 2015.

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