Feliz Natal e Próspero 2022!

Boas Festas!

Depois que o diretor de prova agita a bandeira quadriculada, não adianta mais tentar ultrapassar o carro da frente. Quando a professora avisa para entregar a prova, não adianta mais ler as questões que faltam para chutar as últimas alternativas. Assim é no fim de cada ano: não será nos últimos dias dele que compensaremos algum resultado que era para ter sido alcançado ao longo dos meses.

Por outro lado, pode ser que estejamos em primeiro lugar na corrida, que tenhamos feito todo o exame bem antes do prazo de encerramento e que nossas metas no trabalho tenham sido atingidas com louvor. Isso pouco importa, pois no ano que vem a cobrança e a pressão para ser ainda melhor seguirá crescendo.

No entanto, por pelo menos alguns dias, a ordem é desacelerar, deixar a caneta no estojo e o computador desligado. É hora de pensar na família, nos amigos, no algo além do trivial. Logicamente, não são todos que se podem dar ao luxo de agir assim, mas para quem pode, se desarmar um pouco faz muito bem.

O planeta passou várias décadas - quiçá um século - sem descansar. A conta veio na forma de uma pandemia global. Diante do susto inicial e das primeiras quarentenas, as águas turvas dos canais de Veneza ficaram cristalinas por um tempo. As estradas ficaram vazias. Animais silvestres voltaram a circular pelas ruas da periferia.

Como foi um descanso forçado, que extravasou para o ano seguinte, não houve celebração, mas pânico, quando o medo de perder a vida superou o medo de perder o trabalho, o dinheiro. Aprendemos rapidamente a lidar com isso, tanto que já esquecemos as dores intensas das primeiras semanas com o vírus misterioso em livre circulação.

Agora falta reaprender a descansar sem culpa, celebrando o clima natalino que a traz a esperança de novos tempos. Trocar presentes não é cafonice. Não é sinal de fraqueza. Não é rendição à máquina capitalista. Pelo contrário: é um tentativa de religação com o amigo brigado. Com o parente rabugento. Com a criança que nos pediu atenção o ano inteiro. Com a essência divina que nos soprou razão e emoção na fogueira do nosso DNA.


Feliz Natal! Feliz 2022!

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