Água de chuva: um bem valioso


Reprodução de mensagem endereçada aos participantes do COMPHACT - Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Ambiental, Cultural e Turístico do Município de Paulínia. As reuniões deste conselho são realizadas mensalmente em salão nobre da prefeitura, sempre abertas à população, que pode acompanhar a agenda dos eventos no Semanário Oficial da cidade.

"Estimados membros do COMPHACT,

Quero registrar, por escrito, minha sugestão apresentada na reunião de 19 de novembro de 2007, referente ao incentivo, por parte do poder público municipal, do uso de cisternas de água de chuva nas construções de âmbito geral.

Foi-se o tempo em que os recursos hídricos de nossa região eram abundantes e baratos. Com o crescimento do tecido urbano das cidades, a demanda pelo consumo de água potável cresceu exponencialmente.

Ocorre que temos a cultura errônea do desperdício deste bem valioso, usando água tratada para lavar carros, calçadas e regar áreas verdes, ao passo que não nos damos conta da disponibilidade da água de chuva para tanto.

Comumente vemos ruas alagarem rapidamente após chuvas intensas, pois o solo urbano está cada vez mais impermeabilizado com cimento e asfalto, concentrando nas zonas mais baixas de cada cidade os transtornos cada vez mais freqüentes, relacionados às enchentes.

Em São Paulo, existe uma lei municipal obrigando os empreendedores de obras de grande porte a construírem reservatórios de água de chuva para retardarem o seu escoamento para áreas públicas. Parte desta água armazenada pode ser usada para fins não humanos.

Já na região nordeste do Brasil, há um programa federal para construção de cisternas comunitárias visando amenizar a falta de água nos longos períodos de seca. Este procedimento é muito comum em alguns países europeus e no Japão, onde os recursos sempre foram escassos.

Numa cidade como Paulínia, não há razão para ignorar o uso de cisternas também em obras de pequeno porte, especialmente nas residências, uma vez que uma casa de padrão médio, com 150 m² de cobertura, pode abastecer uma cisterna de até 20 mil litros de água.

Infelizmente o custo para instalação deste sistema ainda é caro, aproximadamente R$ 1,00 por litro armazenado, se levarmos em conta a oferta de kits industrializados, que são compostos de reservatório de fibra de vidro reforçada e filtro de separação de resíduos sólidos.

No entanto, estou realizando um estudo para a construção artesanal de sistema semelhante, usando materiais que já são usados para confecção de tanques sépticos e sumidouros (fossas) - obrigatórios em loteamentos que não contam com coleta pública de esgotos.

Desta forma, creio ser possível reduzir os custos drasticamente, uma vez que a mão-de-obra local poderia atuar neste processo. Pessoalmente, pretendo instalar uma cisterna na construção em voga de minha própria residência.

Creio que as cidades podem incentivar seus moradores a construírem cisternas residenciais oferecendo, por exemplo, isenção parcial de IPTU por determinado período. O mesmo valeria para a aprovação de obras novas ou regularização de construções clandestinas.

Por considerar este tema pertinente a este conselho, solicito também que ele seja encaminhado às secretarias de meio ambiente, planejamento, habitação e de obras, para que os agentes capazes do município possam levar esta discussão adiante, com a devida propriedade.

Coloco-me a disposição de todos que desejarem saber mais a respeito.

Atenciosamente,
Jean Tosetto - Arquiteto"

Aspecto do ciclo da água de chuva na residência deste arquiteto, fotografado em fevereiro de 2014.
Aspecto do ciclo da água de chuva na residência deste arquiteto, fotografado em fevereiro de 2014.

Observação: ninguém da Prefeitura Municipal de Paulínia acusou o recebimento desta mensagem até hoje.

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