Não basta projetar: é preciso empreender

Arte digital sobre a capa do livro do Paulo Mezzomo.
Arte digital sobre a capa do livro do Paulo Mezzomo.

Em meio a um mercado imobiliário ensaiando sinais de recuperação, após uma das piores recessões das últimas décadas, um jovem arquiteto empreendedor apresenta um livro para colaborar com sua classe profissional.

Por Jean Tosetto *

No começo da década de 2010, o Governo Federal parecia um pai de família que comprava tudo que os filhos pediam. Estes, porém, não desconfiavam que o país estava abusando do cartão de crédito e do cheque-especial, pois havia grande expectativa sobre os eventos que antes ocorriam em lugares do primeiro mundo, como a Copa da FIFA e as Olimpíadas.

Com o crédito facilitado na praça, a construção civil vivia uma fase de intenso aquecimento. O ciclo do mercado imobiliário estava em alta. Como reflexo, muita gente se interessou por cursar Engenharia Civil, Design de Interiores e Arquitetura.

Enquanto o número de alunos nas faculdades crescia, a economia brasileira começava a dar sinais de desgaste. A recessão se instalou a partir de 2014 e estamos, meia década depois, ainda tentando sair dela. Desde então, o mercado imobiliário derreteu, enquanto muitos alunos no meio do curso não se deram conta disso.

O resultado: em 2019 temos menos demanda por projetos e muito mais profissionais formados e disponíveis no mercado de trabalho. De acordo com o anuário do CAU - Conselho de Arquitetura e Urbanismo - o Brasil tinha 105 mil arquitetos registrados em 2012. Em 2017 este número subiu para 154 mil: um crescimento de 47% em apenas cinco anos.

Com tantos arquitetos para poucos projetos, vem a constatação lógica: o excesso de profissionais no banco de reservas pressiona para baixo a remuneração dos titulares. Ignorar esta realidade e comportar-se como os profissionais de antigamente não resolverá a questão.

Antigamente, você podia trabalhar como autônomo e tudo bem. Um arquiteto podia se concentrar apenas em projetos, sem se envolver com as obras, e ainda assim tinha remuneração suficiente para viver com dignidade, mesmo morando numa cidade pequena, onde os concorrentes eram poucos. Havia uma ou outra faculdade de Arquitetura e Urbanismo no Brasil.

Porém, esse tempo não volta mais. As faculdades se multiplicaram. O excesso de profissionais formados não é um problema só dos arquitetos. Tempos novos exigem novos comportamentos.

Há luz sobre as pranchetas eletrônicas

Nem tudo é desespero. Ainda temos boas notícias para os arquitetos: como eles trabalham com a criatividade, estão mais protegidos contra os computadores que já dizimaram várias profissões. Com os preços dos imóveis cada vez mais impraticáveis, é preciso cada vez mais criatividade para desenvolver soluções para espaços cada vez menores. Há, ainda, muita coisa para ser construída no Brasil, especialmente casas próprias de pequeno porte.

Mas ter criatividade não basta. Para sobreviver no mercado de trabalho, o arquiteto deve ir além do "saber projetar". É preciso "saber executar" também. Participar ativamente das obras, para garantir a qualidade do projeto e para aumentar as fontes de receita, será algo cada vez necessário aos arquitetos.

O aumento da complexidade das tarefas deve ser acompanhado da melhora da gestão do próprio trabalho. Profissionalizar o escritório e formalizar a atuação no mercado, mediante pessoa jurídica, é o desafio dos novos profissionais ou dos profissionais que precisam se reinventar.

Logicamente, não são todos que vão conseguir: somente os mais disciplinados e perseverantes arquitetos, já dotados de criatividade, irão prosperar. O CAU não tem mecanismos para ajudar os indivíduos nisso. As faculdades, que sequer dão conta dos avanços tecnológicos da profissão, não estão preparadas para incutir o empreendedorismo em suas grades habituais.

A vontade começa com a necessidade

Aprender a empreender é possível, mas isso depende da iniciativa de cada um. Existem pós-graduações para tanto e cursos livres, de duração variada. Existem ainda os livros que abordam o assunto, dentre eles podemos citar vários do Professor Ênio Padilha - engenheiro eletricista que abraçou a causa da Administração e faz mais pelos arquitetos do que muitos veteranos do ofício.

Ao time de autores que trabalham pelas melhorias nas condições de atuação dos profissionais de projeto, se junta o jovem arquiteto Paulo Mezzomo, do Rio Grande do Sul. Em seu livro recém-lançado, "Empreendedorismo e Gestão de Escritórios de Arquitetura", ele discute a abertura planejada de escritórios, as estratégias de Marketing para alcançar mais clientes e como negociar contratos com estes.

Além disso, o criador do site ArquitetoExpert.com propõe um método para precificação de serviços, levando em conta as burocracias financeiras, contábeis e jurídicas - com a quais todos devem lidar. Entre os aspectos mais desafiadores, Mezzomo aborda a contratação de colaboradores para alavancar os negócios, superando o medo e a insegurança, que são obstáculos inerentes para quem começa a empreender.

Escrito numa linguagem acessível, o "Guia Completo e Definitivo do Iniciante ao Avançado" de Mezzomo é um compêndio de vários livros e cursos que o autor assimilou durante mais de dez anos de carreira. O próprio livro, publicado de forma independente, demonstra o quanto ele acredita nos ideais que prega. Para adquirir a obra, clique no link a seguir:

http://lp.arquitetoexpert.com/livro/

* Jean Tosetto é coautor do livro "Arquiteto 1.0 - Um manual para o profissional recém-formado", lançado em dezembro de 2015.

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