Residência do Casal Duarte - 2005

Jardim Europa - Paulínia - SP

No primeiro desenho apresentado, as esquadrias ainda eram de madeira, com arcos coloniais.

O arquiteto é um profissional que ao longo dos anos busca estabelecer uma conduta de coerência em seus projetos, baseada em seu repertório formal que, aos poucos, se enriquece com a experiência e com o aprendizado na prática. Mas isso não faz dele o dono da verdade, pois na arquitetura existem alternativas e as convicções do profissional não podem suplantar os ensejos de seus clientes, ao não ser em questões primordiais.

Neste exemplo, o casal de contratantes forneceu o programa básico para construção de uma casa térrea: dois dormitórios, uma suíte, copa e cozinha separadas por um balcão, sala de estar ampla, abrigo para dois carros, além da edícula de lazer. Um dos requisitos ficou claro: que as janelas frontais fossem de madeira, com arcos coloniais. Por mais que estejamos em um novo milênio, a grande maioria das pessoas, sabiamente, se apóia em conceitos seculares, que as façam sentir-se como seres humanos, e não apenas números numa sociedade tecnocrata.

Portanto, projetar uma casa com janelas coloniais não precisa representar um conflito aos ideais de um arquiteto formado com base nos conceitos contemporâneos. Afinal de contas não se trata de levantar paredes de taipa e pilão, com 50 centímetros de espessura, mas uma casa com materiais modernos e alguma referência histórica. Assim foi feito.

Na versão do projeto para aprovação municipal, as janelas da direita foram unificadas.

No entanto, após aprovar os primeiros estudos, logo o casal tomou gosto e afinidade pelas formas simples e harmoniosas do projeto, especialmente com a solução proposta para o telhado, distribuído em níveis conforme a determinação da projeção em planta baixa. Como o abrigo não possui laje, naturalmente a cobertura ficou rebaixada. Um dos cômodos frontais ficou mais recuado em relação ao conjunto, justificando empenas complementares para criar um terceiro nível de caimento das águas pluviais.

Durante a obra, o próprio casal optou por usar esquadrias metálicas sem arcos, retilíneas, tornando o resultado estético mais agradável. Nesses casos - de mudanças de formatos e materiais de esquadrias - não há necessidade de reapresentar o projeto na prefeitura local, desde que as condições de iluminação e ventilação estejam preservadas. E aqui teremos provavelmente uma residência cujas formas tendem a se preservar por mais tempo, garantindo um bom retorno aos valores investidos.

Após o término dos serviços, entretanto, a fachada ganhou sua configuração definitiva.

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