Residência da Boa Esperança em Paulínia - 2000

Croqui em grafiteA perspectiva feita a mão livre retrata a declividade do lote e, mesmo não sendo colorida, aponta um caminho para a escolha do acabamento externo.

Um dos primeiros desafios dos arquitetos, quando recém formados, é aprender a lidar com a ansiedade em querer ver logo a conclusão de suas primeiras obras. Após a aprovação de um projeto, uma construção não fica pronta antes de algumas semanas, mesmo quando de pequeno porte. Geralmente este prazo se estende por meses e, dependendo do caso, até anos.

É o caso desta residência, de apenas 164 metros quadrados. O projeto foi encomendado por um jovem casal, ainda noivos, que desejavam construir a casa antes de formalizar o matrimônio. Após a aprovação dos desenhos na prefeitura, no entanto, houve mudança nos planos e eles resolveram vender o lote, depois de concluir que o investimento necessário para levar a obra adiante seria maior do que eles poderiam dispor naquele momento.

Planta do pavimento superiorA planta do pavimento superior mostra o hall da escada, que dá acesso aos dormitórios - todos com sacada.

Como arquitetura é obra construída, é sempre lamentável ter que engavetar um projeto. Mas a boa notícia foi que os compradores do terreno simpatizaram com as idéias contidas no papel e, aproveitando a validade do alvará de execução da obra, deram início à mesma. Obviamente nem todos os conceitos foram preservados, pois cada família tem uma visão própria a respeito de aspectos que desejam ver numa casa, e não cabe ao arquiteto engessar seu desenvolvimento.

Deste modo, o revestimento de pedra imaginado para o corpo da escada, foi substituído por massa de reboco simples, e a parede à sua direita ganhou frisos não previstos inicialmente. A principal diferença, porém, foi a adoção de um muro contínuo na lateral, interrompendo a comunicação da área de lazer com a calçada, eliminando a possibilidade de guarda de um segundo veículo. Nada que não possa ser revisto em caso de necessidade.

Vista da esquinaA casa em novembro de 2006, após um longo período entre projeto e conclusão da obra.

Para quem apostava numa obra pronta ainda no começo de 2001, os cinco anos de "atraso" até que passaram rápido. Neste tempo, aquela ansiedade em ver uma construção terminada diminuiu, mas não desapareceu, pois ela ajuda a alimentar o entusiasmo pela profissão. A experiência traz também um pouco de serenidade, um ingrediente fundamental para manter o equilíbrio que se espera das pessoas que lidam com a boa esperança de seus semelhantes.


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