Dez anos de paixão por um ofício

Antigamente muitos garotos queriam ser bombeiros quando crescessem. Muitas meninas queriam ser professoras. Lembro de ter visitado o Corpo de Bombeiros de minha cidade, na época do jardim de infância. Quando voltamos à sala de aula, desenhei o caminhão deles com os colegas e a professora em cima. Gostaram tanto que o desenho foi entregue na corporação e ficou exposto durante algum tempo, lá mesmo.

Pessoalmente, não pensava muito no futuro. Não me ocorria que eu seria arquiteto um dia. Desde pequeno gostava de carros de corrida e achei que seria legal me tornar piloto de Fórmula 1. Ingenuamente não imaginava os altos custos para começar a praticar este esporte, mas meus cadernos eram repletos de desenhos de Ferraris, McLarens, Brabhams e Lotus. Meu corredor favorito era Nelson Piquet, antes do Ayrton Senna fazer sua estréia.

Como todo brasileiro, também passei pela fase de querer ser jogador de futebol. Tínhamos um campinho do lado de casa, onde jogávamos até anoitecer, depois da escola. No meio de tantos "pernas de pau", as vezes saía alguma jogada bonita. Antes de dormir eu desenhava elas, para mostrar no outro dia. As linhas tracejadas descreviam o percurso da bola. Escrevia as legendas, para não deixar nada em branco.

Certa vez ganhei um violão, pouco antes de entrar na adolescência. Pensei logo em montar uma banda de rock. Meu sonho era fazer sucesso e ficar famoso. Escrevia as letras das músicas, que geralmente eram decalcadas de canções que já existiam. Obviamente, desenhava as capas dos discos que íamos lançar. Mas a verdade é que me faltava talento para tocar - nunca saí dos três acordes básicos.

O tempo passou e percebi que o desenho sempre me acompanhou. Quando chegou o momento de cogitar que faculdade faria, até pensei em Publicidade e Propaganda, mas logo ficou claro que meu caminho estava na Arquitetura mesmo. O curso teve início em 1994, em Campinas, onde tive a certeza de que era aquilo que desejava fazer para sempre. Aqueles cinco anos passaram rápido e muita coisa aconteceu desde então.

Quando a saudade é carregada de boas lembranças: a turma de formandos de 1998 da FAU PUC CampinasQuando a saudade é carregada de boas lembranças: a turma de formandos de 1998 da FAU PUC Campinas.

No dia 22 de janeiro de 2009 completo dez anos de profissão. É a data em que recebi a carteira do Conselho de Engenharia e Arquitetura, me autorizando a assinar projetos. Fosse eu um piloto de Fórmula 1, minha carreira estava acabando. Como jogador de futebol, meus joelhos a essa altura estariam arruinados. Como roqueiro eu não ousaria levar uma banda por mais de uma década - perguntem aos Beatles e ao Led Zeppelin o motivo.

Mas como arquiteto, sinto que ainda estou no começo. Logicamente não escondo que já tenho uma certa bagagem. O conhecimento e a experiência adquiridos neste período me deixam mais tranqüilo para desenvolver o trabalho e aceitar novos desafios. Aprendi a tomar alguns atalhos para encontrar uma solução específica. Mas também sei que antes de sentar numa mesa, para conversar com os grandes mestres, ainda preciso remar muito.

O que passou, passou. Devemos olhar sempre para frente. Temos que estar sempre preparados e atentos, para ajudar quando for necessário. É isto que os bombeiros, nossos heróis, nos ensinam.

Jean Tosetto

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2 comentários:

  1. Caro amigo Jean assim como eu escolhemos as profissões corretas, humanistica, dai as o sucesso e a felicidade de sair todos os dias para o trabalho.

    PARABENS PELO DIA DO ARQUITETO VOCE REALMENTE MEREÇE ESTE COMPRIMENTO

    TANIL

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  2. Em qualquer profissão a na vida em geral, precisamos remar pra frente e sem perder a perseverança e vontade de buscar ser o melhor. Mas o que realmente faz a diferença são nossas atitudes. Você meu grande amigo, é uma homem de atitude, e por isso tem conseguido passar pelas etapas da profissão com grande competência.

    Força Sempre!

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